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Manifesto da Rede Brasileira de Festivais de Teatro pela Continuidade dos Festivais

Brasília, 22 de agosto de 2017

A Rede Brasileira de Festivais de Teatro, articulação que abrange mais de 60 festivais em todas as regiões do país, em meio à grave crise democrática e econômica pela qual passa o Brasil, vem a público reivindicar, urgentemente, a construção de uma política pública para a sobrevivência dos festivais realizados no Brasil.

Os festivais de artes cênicas têm papel fundamental e decisivo na difusão e circulação da produção artística brasileira. Promovem um intenso trabalho de formação de público, descentralização cultural, fomento ao intercâmbio nacional e internacional, qualificação artística, técnica e de gestão, contribuindo para a difusão da imagem do Brasil no exterior, além de impulsionar mercados de trabalho e economias locais. Geram também uma interface com vários outros setores da economia e da sociedade, tais como turismo, educação, tecnologia, comunicação, ação social, entre outros.

Num levantamento preliminar, realizado através do esforço dos próprios festivais, entre os anos de 2015 e 2016 os orçamentos de 25 festivais movimentaram mais de 50 milhões de reais. Estes eventos alcançaram um público superior a 2 milhões de pessoas, gerando mais de 15 mil empregos diretos. Foram mais de 400 espetáculos nacionais e internacionais que circularam no país. Estes números demonstram a robustez dos festivais e apontam para sua relevância cultural, artística, educacional e econômica.

É urgente, inadiável e premente a construção de uma política pública para o setor, que responda aos desafios colocados pelo avançado estágio de complexidade das artes cênicas brasileiras. Que seja capaz de criar um sistema orgânico, democrático e participativo, que viabilize a sustentabilidade dos festivais, e ainda, que vislumbre ações e metas de longo prazo, destinadas ao fomento deste estratégico segmento.

Infelizmente, pouco se avançou para a efetiva implementação das reivindicações constantemente lançadas desde 2004 quando os festivais começaram se organizar. Assim, a Rede Brasileira de Festivais de Teatro retoma sua pauta e propõe o imediato debate e encaminhamento, através das seguintes diretrizes:

1- A busca de um modelo de financiamento e gestão que se adeque às necessidades específicas dos festivais e aponte para uma estratégia de continuidade e consolidação;

2- Criação de um grupo de trabalho como canal de interlocução entre diversos ministérios e agencias públicas, além do Ministério da Cultura, buscando soluções transversais para os marcos regulatórios trabalhistas, fiscais, tributários e alfandegários;

3- Fomento à criação de encontros e redes relacionadas à produção de festivais de dança, circo e teatro e performance.

4- Apoio do poder público para a realização de estudos e pesquisas sobre os impactos artísticos e econômicos dos festivais;

5- Ampliação do diálogo com as três esferas de governo, iniciativa privada, artistas, meios de comunicação e sociedade em geral, reforçando a importância estratégica da realização dos festivais para o desenvolvimento artístico e econômico do Brasil.

CENA CONTEMPORÂNEA E A REDE BRASILEIRA DE FESTIVAIS DE TEATRO

Publicado em 23 de agosto de 2017