Era 25 de agosto de 1995 quando nascia, em Brasília, o Cena Contemporânea – Mostra Internacional de Teatro e Dança. Surgia com o firme propósito de inserir a capital brasileira no mapa das artes cênicas do Brasil e do mundo, promover o intercâmbio de ideias e de formação, alimentar o pensamento crítico, oferecer espaço e eco para a pulsão criativa dos artistas, provocar a reflexão sobre diversos aspectos do pensamento contemporâneo e muito mais. A primeira edição foi um enorme sucesso! Realizada em parceria com o Fórum Brasília de Artes Visuais, a Mostra teve teatros lotados e longas filas de espectadores ávidos por se sintonizar com o que estava sendo produzido de mais inventivo no campo das artes cênicas. No ano seguinte, em 1996, apesar das promessas e compromissos já firmados, a mostra terminou resumida a pouquíssimos espetáculos, com uma única participação internacional.
O sucesso não garantiu continuidade e o evento não foi realizado nos anos seguintes, ficando interrompido entre 1997 e 2000, por questões relacionadas à captação de recursos e à situação que vivíamos na época. Só retornou em 2001, e retornou potente. Mas foi em 2003 que a iniciativa ganhou seu nome definitivo: Cena Contemporânea – Festival Internacional de Teatro de Brasília. Já não era mais apenas uma mostra. Era uma festa das artes cênicas. E desde então, o Cena vem sendo realizado anualmente, consolidando-se como um dos mais importantes festivais internacionais de artes cênicas do Brasil.
Hoje, passados 25 anos, a interrupção na realização do festival ficou no passado. Até chegarmos a 2020 com todas as suas singularidades. Foi por um triz que a história do Cena não registrou outra lacuna. Entretanto, decidimos encarar esses tempos sombrios de pandemia e bancar o desafio de realizar um festival de artes cênicas inteiramente on-line e gratuito. Não foi fácil mas, como sempre, nos deu muito prazer.
Ao longo desses 25 de história, o festival recebeu artistas, espetáculos e performances de mais de 40 países de todos os continentes e de quase todos os estados do Brasil, promoveu algumas centenas de debates, encontros, conversas, oficinas e seminários envolvendo artistas e intelectuais do mundo todo, traçando um grande painel da produção e do pensamento do teatro e da dança na contemporaneidade.
O Cena acompanhou o surgimento de redes culturais no Brasil e na América Latina, como o Núcleo dos Festivais Internacionais de Artes Cênicas do Brasil, a Red de Promotores Culturales de Latinoamérica y el Caribe e a Rede Brasileira de Produtores Culturais Independentes. Através de seu criador e diretor, Guilherme Reis, o festival foi parte ativa no processo de mobilização e organização do I Fórum Cultural Mundial, em 2004. Também acolheu as primeiras iniciativas e participou da criação da ALACP – Articulación Latinoamericana Cultura y Política, em 2009. Na sua 13ª edição, em 2012, foi um dos realizadores do Segundo Encontro Internacional Cultura de Rede, que contou com a participação de 200 gestores culturais de vários países da América Latina.
Desde 2003 até os dias atuais, o Cena realizou edições anuais, programando espetáculos internacionais, nacionais e produções de artistas e coletivos do Distrito Federal, ocupando todos os principais teatros do DF e as ruas de Brasília e das cidades satélites, sempre com ingressos a preços populares ou gratuitos.
A sustentabilidade de um projeto cultural numa realidade nem sempre amena para a arte e a cultura no Brasil é fruto de esforço e paixão – além de altas doses de determinação, persistência, imaginação e ousadia. E assim será. Que venham mais 25 anos! Vamos construir juntos?